O fenômeno CommTech, a consultoria, a diversidade e a empatia na liderança: novos fatores a serem considerados na gestão da comunicação na América Latina
Monitor de Comunicação da América Latina (LCM): 10 anos de pesquisa científica para o desenvolvimento da profissão na região e sua posição no mundo.
O Monitor de Comunicação da América Latina (LCM) é o estudo científico mais prestigiado na América Latina sobre comunicação estratégica e relações públicas. Na edição de 2022-2023, intitulada ‘Comunicação Estratégica e Relações Públicas na América Latina: Diversidade e Liderança Empática, CommTech e Consultoria‘, 1.134 profissionais de 20 países contribuíram, proporcionando uma visão abrangente da profissão na região. Os resultados do LCM identificaram 10 tendências-chave que serão foco de discussões no campo da comunicação estratégica e relações públicas no próximo ano de 2024.
Essas tendências fornecem uma perspectiva valiosa sobre o estado atual e futuro do setor.
- Ações relacionadas à diversidade, equidade e inclusão (DEI) fortalecem a confiança das partes interessadas.
- A liderança empática aumenta o engajamento, melhora a saúde mental e reduz a rotatividade.
- A digitalização (CommTech) terá um impacto transformador na profissão e nos métodos de trabalho.
- Os benefícios do uso do CommTech de maneiras diversas superam amplamente seus potenciais inconvenientes e riscos.
- A consultoria externa em comunicação representa metade da atividade e torna-se mais relevante, diversificada e complexa.
- O fortalecimento do papel consultivo da comunicação é uma questão-chave para a profissão.
- A necessidade de conectar estratégias organizacionais com a comunicação aprofunda-se.
- Sustentabilidade permanece fora das cinco principais prioridades na gestão da comunicação.
- As mulheres ganham menos: a disparidade salarial de gênero continua sendo um desafio na profissão.
- A busca pela excelência em comunicação é um vetor crescente de competitividade para o setor.
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PRINCIPAIS RESULTADOS DO LCM 2022-2023
Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) são desafios significativos para a profissão.
Enquanto mais de 50% dos profissionais participam de discussões globais sobre Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) e consideram isso um tema altamente debatido na profissão em nível nacional, apenas 20% o posicionam como uma das questões estratégicas-chave para os próximos três anos. As discussões sobre DEI são mais intensas para cargos executivos (60%) e mais proeminentes em países como Brasil, Porto Rico e Chile, enquanto são menos relevantes na Venezuela, Peru e República Dominicana. Empresas de capital aberto e consultorias/agências mostram um maior interesse em DEI em comparação com o setor público. Mais de 80% dos profissionais enfatizam que ações relacionadas a DEI e a consistência entre palavras e atos sobre o tema são cruciais para manter a confiança de partes interessadas internas e externas. Outro resultado relevante é que apenas 36% dos participantes do estudo afirmam que os departamentos de comunicação são principalmente responsáveis pelas iniciativas de DEI, e 62% afirmaram colaborar com outros departamentos (como recursos humanos) nessa questão. Quarenta e oito por cento consideram ser responsabilidade máxima do departamento avaliar e aprimorar planos e conteúdos sobre DEI, seguido por 47% para desenvolver planos de comunicação sobre o tema. Diferenças significativas de gênero, idade, status socioeconômico e opiniões políticas impactam as percepções de DEI em diferentes tipos de organizações.
A liderança empática aumenta o engajamento, melhora a saúde mental e reduz a rotatividade de funcionários.
Oitenta e um por cento das pessoas pesquisadas experimentaram empatia de seus líderes, com 77% observando um aumento no último ano. Expressões-chave de empatia incluem: atenção e escuta (80%), preocupação com o bem-estar dos outros e demonstração de sensibilidade e compreensão (79%), e identificação das forças e limitações dos membros da equipe (79%). Consultorias e agências têm líderes com níveis mais elevados de empatia. Apesar disso, 30% planejam trocar de emprego. Em relação à saúde mental, 72% duvidam da importância de seu trabalho, mas 56% se sentem usados, embora 86% acreditem que podem resolver problemas. Aqueles que trabalham em consultorias e agências exibem maior comprometimento, melhor saúde mental e menos rotatividade de empregos. Profissionais do sexo masculino mostram maior comprometimento e engajamento no trabalho, enquanto profissionais mais jovens estão menos satisfeitos e têm maiores intenções de trocar de emprego. Em conclusão, a liderança empática aprimora o engajamento e a saúde mental na gestão da comunicação, o que pode ter um impacto positivo em vários aspectos sociais.
CommTech: Uma tendência menos debatida e aplicada que mudará a profissão.
O estudo mostra que apenas 30% dos profissionais de comunicação na América Latina acompanham de perto o debate sobre CommTech. No entanto, entre 65% e 70% acreditam em seu impacto transformador na profissão e nos métodos de trabalho. Enquanto 80% dos entrevistados destacam os benefícios do CommTech, aproximadamente um terço vê desvantagens na comunicação com partes interessadas e nos processos de fluxo de trabalho. Apenas 11% dos departamentos de comunicação e agências adotaram totalmente o CommTech. Os desafios de adoção residem em deficiências organizacionais, como barreiras estruturais (47%) e tarefas/processos de comunicação despreparados para a digitalização (46%). Para avançar, é necessária a colaboração de todas as partes, incluindo associações profissionais, departamentos de comunicação, agências e profissionais. Ideias criativas e estratégias motivadoras são necessárias para acelerar a digitalização no campo da comunicação.
A consultoria externa está se tornando cada vez mais relevante, diversificada e complexa.
A maioria dos profissionais de comunicação na América Latina percebe um aumento na necessidade de consultoria externa em comunicação com partes interessadas (73%) e na estrutura e processos de comunicação organizacional (70%). Ao mesmo tempo, 76% veem a indústria de consultoria se tornando mais diversificada e complexa, com 61% afirmando que garantir a qualidade da consultoria externa é mais desafiador. Em relação aos desafios, a fraca governança, liderança ou processos internos (52%) se destacam na fase inicial, e a falta de pessoas competentes e conhecimento (56%). Sobre a dimensão mais importante para garantir a qualidade dos processos de consultoria, 94% mencionam o nível de competências desenvolvidas, seguido por um espírito positivo durante o processo (93%). A maioria (87%) apoia a ideia de padrões de qualidade para consultoria de comunicação, com 89% endossando padrões para que os clientes valorizem e garantam a consultoria. No entanto, há menos apoio (14%) entre organizações sem fins lucrativos. Existe um consenso relativo sobre a necessidade de definir padrões de qualidade na América Latina, com Uruguai e Panamá mostrando menos concordância.
A função consultiva da comunicação e sua alinhamento com os objetivos organizacionais são questões estratégicas-chave na gestão.
“Fortalecer o papel da função de comunicação para apoiar decisões de alto nível” lidera com 42%, subindo da quarta posição na edição anterior. “Conectar estratégias organizacionais com comunicação” passa para o segundo lugar (38%). Outros tópicos no top cinco incluem “lidar com a velocidade e volume do fluxo de informações” (34%), “usar big data e/ou algoritmos para comunicação” (33%, com maior relevância em empresas) e “explorar novas formas de criação e distribuição de conteúdo” (29%). “Abordar o desenvolvimento sustentável e a responsabilidade social” fica para trás, especialmente para organizações governamentais, apesar da emergência climática e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Tópicos como a digitalização dos processos de comunicação (21%), diversidade, equidade e inclusão (15%) e trabalho remoto (13%) são considerados menos relevantes. A baixa prioridade dada ao trabalho remoto pode ser devido à sua ampla implementação na era pós-pandemia. Atualmente, dois terços dos profissionais trabalham regularmente remotamente, impulsionando o uso de ferramentas digitais como mensagens instantâneas (91%) e videoconferências (73%), embora as práticas variem na América Latina.
A disparidade salarial de gênero persiste, refletindo menores ganhos para as mulheres.
Em relação aos salários dos profissionais de comunicação na América Latina, observa-se que 73% ganham menos de 30 mil dólares anualmente, enquanto 18% recebem até 60 mil dólares. Embora, em comparação com a Europa, onde apenas 22% ganham até 30 mil dólares, a análise da nova edição revela um aumento nos Diretores de Comunicação (Dircoms) que ganham entre 30 e 60 mil dólares anualmente (4% a mais do que o ano anterior). Embora os cargos gerenciais na região ganhem mais do que em 2020-2021, as faixas salariais de 100 a 200 mil diminuíram entre 0,2% e 0,7%. A análise por tipo de organização mostra níveis salariais elevados em geral, com Porto Rico (com uma economia dolarizada) tendo a melhor distribuição salarial. Em relação às diferenças de gênero, as mulheres ocupam 65% dos cargos gerenciais que ganham menos de 30 mil dólares, enquanto os homens na mesma faixa salarial representam 52%.
Apenas 2 em cada 10 departamentos de comunicação estratégica e relações públicas são excelentes.
Cerca de 80% dos departamentos de comunicação não alcançam níveis de excelência, o que significa que apenas 23% cumprem de forma ideal tanto as funções executivas quanto consultivas, desempenhando-se competitivamente em comparação com outras organizações. Essa constatação é consistente com edições anteriores na América Latina e em outras regiões. Os departamentos excelentes enfatizam a comunicação de iniciativas de diversidade, equidade e inclusão, abordam proativamente seu impacto e têm maior responsabilidade no desenvolvimento de políticas associadas. Aqueles que lideram esses departamentos demonstram um comprometimento mais elevado e uma liderança empática, refletidos no bem-estar de suas equipes, reduzindo a probabilidade de resignações. Em termos de transformação digital, os departamentos excelentes lideram a inovação e a adoção precoce de tecnologia de comunicação, enfrentando menos desafios na implementação. Além disso, o trabalho flexível e remoto, juntamente com o uso de ferramentas de colaboração digital, estão mais enraizados nesses departamentos.
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