Apenas 20% dos profissionais em comunicação estratégica e relações públicas da América Latina consideram as políticas sobre Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) como um tema prioritário para o futuro
A edição LCM 2022-2023 explora a radiografia da Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) na Comunicação na América Latina
O contexto global, marcado por eventos como o #8M, o #DiaInternacionaldaMulher e o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável Nº 5 da ONU sobre “Igualdade de Gênero”, tem gerado uma profunda reflexão no âmbito da comunicação estratégica e relações públicas. Iniciativas globais como o #WomenInPR da EUPRERA; a nível regional, como o projeto #AcademicasPR; e também a nível nacional, como o projeto na Argentina “Teto de Vidro e Relações Públicas: Abordagens Transdisciplinares nas Ciências Sociais para questões de gênero” evidenciam um compromisso crescente com a equidade de gênero no campo profissional.
A literatura acadêmica também tem experimentado um notável crescimento, como refletido no monográfico “A Mulher nas Relações Públicas“. Estudos recentes, como os realizados por Guerrero Navarro & Ruiz-Mora (2022) e “LidGenCom” de Moreno et al. (2023), têm examinado o liderança feminina na Espanha, destacando desafios como a necessidade de estilos de comunicação mais inclusivos e a persistente discriminação em ambientes de trabalho predominantemente masculinos. Essas análises destacam a importância de abordar as barreiras existentes e promover a equidade de gênero em toda a região latino-americana.
O Latin American Communication Monitor (LCM) tem sido um observador-chave dessas tendências, particularmente no que diz respeito à Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), como evidenciado em seu relatório especial de 2021 sobre o “Teto de Vidro”. Além disso, os resultados destacados de sua última edição (2022-2023) – na qual a maioria era composta por mulheres (63%) – continuam a lançar luz sobre vários aspectos significativos:
- Participação ativa, prioridade baixa. Apesar de a DEI ter captado a atenção de 50% dos profissionais pesquisados, apenas 20% a consideram uma prioridade estratégica-chave para os próximos três anos. Este achado destaca uma lacuna entre a consciência da importância da DEI e sua integração eficaz na estratégia a longo prazo.
- A discussão sobre DEI varia em intensidade. Sendo mais relevante e, consequentemente, com maior acompanhamento, para cargos executivos (6 de cada 10). Geograficamente, o debate é mais proeminente em países como Brasil, Porto Rico e Chile, enquanto na Venezuela, Peru e República Dominicana é menos importante.
- O setor privado está liderando o debate. Empresas listadas na bolsa de valores, bem como consultorias e agências, prestam mais atenção às discussões relacionadas à DEI em comparação com o setor público, onde a discussão é menos frequente.
- Confiança e coerência: dois pilares fundamentais. Mais de 80% dos profissionais enfatizam a importância da coerência entre o discurso e a prática, considerando-a crucial para manter a confiança dos stakeholders internos e externos.
- Sinergia interdepartamental. Embora apenas 36% apontem os departamentos de comunicação como os principais responsáveis pelas iniciativas DEI, encorajadores 62% trabalham em colaboração com outros departamentos, especialmente recursos humanos.
- Avaliação e desenvolvimento de planos. A avaliação e o aprimoramento dos planos e conteúdos DEI são considerados a maior responsabilidade por 48% dos entrevistados, seguidos de perto por 47% dedicados ao desenvolvimento de planos de comunicação.
- Fatores que impactam as percepções. O estudo destaca como diferenças de gênero, idade, status socioeconômico e opiniões políticas impactam as percepções sobre DEI em diversas organizações, sublinhando a necessidade de estratégias específicas e adaptativas.
Os resultados mostram que, apesar da participação ativa em debates sobre Diversidade, Equidade e Inclusão, existe uma lacuna entre a consciência e a priorização estratégica. A importância da colaboração interdepartamental, autenticidade nas ações DEI e adaptabilidade às percepções variadas destacam o caminho rumo a organizações mais inclusivas e equitativas na região latino-americana.
Junte-se à conversa e faça parte da mudança rumo a uma comunicação mais inclusiva e equitativa na América Latina!
O LCM faz parte do Global Communication Monitor, impulsionado pela European Public Relations Education and Research Association (EUPRERA), que, em 16 anos, entrevistou aproximadamente 50.000 profissionais em mais de 80 países. Além da região latino-americana, o estudo é complementado por capítulos na Europa (ECM), Ásia-Pacífico (APCM) e América do Norte (NACM). A edição 2022-2023 do LCM conta com o patrocínio do Banco Centro-Americano de Integração Econômica (BCIE), do Instituto de Relações Públicas (IPR), da Universidade de Oregon (Estados Unidos) e do Campus Criativo da Universidade Latina de Costa Rica. Além disso, recebe apoio acadêmico do Grupo de Pesquisa em Regeneração, Bem-estar e Comunicação Positiva ReBiCom UMA Network da Universidade de Málaga (Espanha); do Grupo de Estudos Avançados em Comunicação da Universidade Rey Juan Carlos (Espanha); do Grupo de Pesquisa em Estudos em Comunicação (GRECO) da Universidade de Medellín (Colômbia) e da Rede Latino-Americana de Pesquisa em Comunicação Organizacional (RedLAco).